terça-feira, 25 de novembro de 2008

Das Vanguardas Européias ao Modernismo brasileiro.

Éder de Moura Deus
A proposta deste trabalho é analisar a relação existente entre os propósitos teóricos e resultados que nortearão o movimento o vanguardista Europeu e encontrar os pontos de convergência que serviram de lixo para o estabelecimento e a proliferação do movimento modernista brasileiro na primeira fase, bem como caracterizar a influencia das vanguardas européias deste período.
Relacionando a primeira fase com a influencia sofrida no contexto mundial, estabelecendo uma correlação com o contexto sócio-econômico cultural no qual se encontrava o país, afim de que possamos explicar a periodização do modernismo brasileiro, pelo fies sociocultural do país, bem como pelo fies dos pressupostos vanguardas europeus.

Palavras – Chave: Vanguardas européias, influência, modernismo brasileiro.

O termo Vanguarda vem do Francês Avant-guarde que significa o movimento artístico que “marcha na frente” anunciando a criação de um novo tipo de arte que também demonstra o caráter combativo das “Vanguardas” dispostas a lutar combativamente um prol da abertura de novos caminhos artísticos [HELENA, 1993, pg 05]
No final do século XIX a Europa encontra-se caracterizada por duas situações antagônicas: a euforia do processo industrial e dos avanços teóricos científicos, por outro lado, as conseqüências desse avanço do processo industrial é uma acirrada disputa pelos mercados consumidores e favorecedores que resultou na primeira guerra mundial. De um lado encontramos uma burguesia eufórica do outro todo pessimismo da decadência simbolista.
E em meio a esse emaranhado contexto sugere um clima propicio para uma efervescência artística que resultou no aparecimento de varias tendências que buscavam encontrar uma nova maneira de interpretar nossa realidade. E é neste conturbado período que surge uma multiplicidade de ”ismo” convencionado assim as chamadas Vanguardas européias.
Nas primeiras décadas do século XX, começaram a formar grupos de escritórios que sentiam a necessidade de renovação da literatura brasileira, o atual momento de construção artístico, constituía uma ânsia de renovação que tem o foco inicial de vertente européia que espalhou-se pelas Américas, mas o movimento brasileiro surgiu muito mais tarde, quase que como um eco do movimento vanguardista europeu.
Pois, ao completar cem anos de Independência, o Brasil passava por um surto de desenvolvimento urbano e industrial, criando uma idéia de que o país se modernizava com o centenário de Independência e deveria desenvolver também uma renovação cultural, no entanto, mostrou-se totalmente dependente dos padrões culturais europeus, pois apesar de não seguir a risca os elementos provenientes das vanguardas européias para exprimir os conteúdos modernos, porém brasileiros, pois eram provenientes da realidade de industrialização pelo qual o país passava , mas apesar de exprimirem conteúdos nacionais, ainda assim, o grupo de intelectuais modernistas apresentou-se totalmente dependente dos padrões culturais provenientes das vanguardas européias.
Após esta breve explanação do surgimento do Modernismo e do contexto que o inspirou bem como das influências advindas da Europa, faz se necessário conhecer sua proliferação no Brasil e necessidade de auto-afirmação na principal fase que o constitui.
A primeira fase do Modernismo brasileiro também conhecido como fase heróica inicia-se tradicionalmente com a realização da semana de Arte moderna na cidade de São Paulo, em 1922 foi considerado o marco introdutório do modernismo na literatura brasileira. Idealizada por um grupo de artistas a semana tinha por objetivo colocar a cultura brasileira a par das correntes de vanguarda do pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a tomada de consciência da realidade brasileira. Para isso na melhor que as palavras de Antônio Candido para comprar esta afirmação.

Os nossos modernistas da arte a vanguarda, aprenderam a psicanálise e plasmaram um tipo ao mesmo tempo local e universal de expressão, reencontrando a influencia européia por um mergulho no detalhe brasileiro.
[CANDIDO, 200, P 121]






O período de 1922 a 1930 é o período mais radical do movimento modernista, pois ao mesmo tempo que se procura o modernismo, o original o polemico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas faces na qual posso destacar a busca das raízes da nacionalidade através da literatura com a historia do personagem Macunaíma um herói brasileiro indígena.

No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, era herói de nossa gente era preto retinho e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silencio foi tão grande escutando o murmurejo de Uraricoera, que a índio tapanhumas pariu uma criança feia.
[ANDRADE, 2004, P65]

Podemos perceber que apesar de serem influenciados pelos movimentos vanguardistas europeus,e do momento conturbado que vive a literatura deste período, também tinham por objetivo construir uma identidade cultural do nosso país e a cidade de São Paulo na visão de Mario de Andrade além de ser o berço do modernismo brasileiro representava o coração do desenvolvimento urbano e industrial do país, então nada mais justo que romper com as estruturas passadistas em tomar como musa ao invés uma donzela apaixonada, uma cidade e como o próprio poeta denomina multifacetada e artequinal.
São Paulo comoção de minha vida...
Os meus amores são flores feitas de original...
Arlequinal!... traje de losangos ... cinza e ouro..
Luz e bruma... fórico inverno morno...
Elegância sutis sem escândalos, sem ciúmes
Perfumes de Paris... Arys!
Bofetadas líricas no trinou... Algodoal!...
São Paulo ! comoção de minha vida...
Galasiano a berrar nos desertos da América !

[ ANDRADE, 1976, P. 39]


Apesar do notório empenho dos modernistas brasileiros em romper com as amarras dos pressupostos vanguardistas europeus o que liga ambos os movimentos.
E o grande esforço dos mesmos em buscar a qualquer custo uma auto-afirmação e uma identidade nacional que é o ponto principal a se destacar nesta fase são os manifestos modernista, como o manifesto nacionalista, o manifesto do pau-brasil, o manifesto da antropofágia , e o manifesto do verde- amarelismo o qual destaco como principal disseminador do movimento modernista brasileiro desta fase por sua proposta de uma nacionalidade primitivista e ufanista encabeçado a vertente da auto afirmação do modernismo brasileiro.

Foi o índio que nos ensinou a ver os sistemas e todas as teorias. Criar um sistema em nome dele será substituir a nossa instituição americana e nossa consciência
de homens livres...

[TALES, 199, p. 365]

O que pode-se perceber ao longo deste resgate da primeira fase do Modernismo Brasileiro é que apesar do notório empenho dos modernistas em romper com as amarras do “ismo” dos pressupostos vanguardistas europeus e que ambos os movimentos encontraram – se entrelaçados por uma estrutura sólida que varia apenas nos objetivos de proliferação e resgate das estruturas culturais




























BIBLIOGRAFIA



ANDRADE, Mario de. Poesias Completam. São Paulo, 1976.

ANDRADE, Mario de. Macunaíma. Livraria garmer.2004.

CANDIDO, Antônio Formação da Literatura Brasileira – momentos decisivos, 2 vol, São Paulo, Edusp/Itatiaia.

HELENA, Lúcia, Modernismo brasileiro e Vanguarda: . 3 ed. São Paulo: Atica, 1993.

TELES, Gibert Mendonça, Vanguarda Européia e Modernismo Brasileiro, 15 ed. Rio de Janeiro. Vozes. 1992.












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